domingo, 29 de abril de 2012

Célula Showcase apresenta: Célula on Fire e estréia do Clip "Celebrância, que tal?"

A Célula Cultural (ou Célula Showcase) é bem conhecida por ter sido a sede do memorável Clube da Luta, agremiação de bandas autorais de Santa Catarina que deixou de existir por volta de 2010. Este local de peso recebeu ontem  a banda Não Contém Glúten que é integrante d'O Clube, uma reconceituação do antigo Clube da Luta. A NCG trouxe também os convidados: banda cover Caju Amigo, banda autoral Hungria 58 e DJ Oompa Loompas. Como foi prometido aqui neste blog, iremos contar um pouco desta noite, que contava com a cobertura do lançamento do Video-Clip "Celebrância, que tal?", da NCG, em coautoria deste blog com Johnny Duluti.


Primeiramente, não há como não relembrar o que foi e o que é o Célula. Havia um tempo em que o Célula fazia parte de um movimento, de algo que chamava-se de "cena". Essa tal cena artística e cultural de Floripa era, na verdade, um conjunto de algumas bandas (como Aerocirco, Da Caverna, Gubas e os possíveis Budas, Jeremias sem cão, Matildes, Os Berbigão e Samambaia Sound Club) que procuravam espaço para tocar na ilha. Todos sabem que, para quem faz o próprio som, as alternativas de local para trabalhar são muito limitadas. Foi para lutar contra este espaço claustrofóbico que alguns resolveram partir para produção própria dos eventos através do Clube da Luta, essa reunião de artistas independentes. Nesta onda, a partir de 2008, o Célula foi palco principal onde toda sexta, por 5 pila, assistíamos às melhores bandas do momento arrebentando! Os integrantes do Da Caverna chegaram até a tocar peladões! Valia tudo para reclamar da falta de incentivo para bandas autorais.  De maneira saudosista, vamos lembrar as regras do Clube da Luta: Regra n° 1 - Você faz suas próprias músicas; Regra n° 2 - Você faz suas próprias músicas; Regra n° 3 - A festa é toda sexta na Célula ;  Regra n° 4 - Os shows duram 40 minutos; Regra n° 5 - São sempre três bandas e um DJ; Regra n° 6 - Quem chegar até as 23h só paga 5 pila; Regra n° 7 - Banda que começar de palhaçada não toca;  Regra n° 8 - Se quer brigar vá para outra festa, aqui a luta é outra.
Não precisa nem explicar o porquê d'O Clube da Luta ser perfeito. Músicas próprias e ingresso a preço simbólico foram a alma do negócio. Não era para ficar rico! O povo queria apenas divulgar o som, por amor à música. O tempo passou e atualmente há críticas sobre algumas destas bandas terem acabado, "largaram a luta", porém O Clube da Luta ficou tão vivo na memória coletiva do Florianopolitano que em 2011 reavivaram a ideia independente  lançando O Clube!

Uma das bandas deste novo Clube resolveu alugar o espaço Célula para fazer uma noite de shows, convidando mais duas bandas e um DJ. O ingresso mais barato era doze Reais, e na hora era vinte. Culpemos a inflação? O salário mínimo? Não sei. Mas de certa forma o público fica mais "seleto" quando se aumenta o ingresso. Isso é bom? Não sei. 
Desta forma, o primeiro show começou com uma banda cover chamada Caju Amigo. O repertório era bom, mas o som estava extremamente alto e a equalização péssima de modo que não se conseguia ouvir direito o ótimo timbre do vocalista. Acabou sendo um daqueles shows em que eu preferia ouvir The Strokes no meu MP3player que perder meu tempo lá. Eu posso estar ficando velha, mas não vale mais a pena sair de casa para ouvir algo que além de não ser autêntico, não copia direito! Pois o som estava muito mal equalizado mesmo! Mas de qualquer forma a banda animou muito o público, algumas meninas cantavam  e pulavam alucinadas.


A segunda banda, a Não Contém Glúten, está no auge: com a participação n'O Clube remodelado. E na noite de ontem lançou o seu primeiro videoclipe. Depois de passado o clip no telão a banda entra no palco e deixa claro que é a dona da festa, agradecendo aos membros das outras bandas que toparam participar do evento e trouxeram bastante público. "Quem me conhece sabe que eu sou ranzinza, mas hoje eu to feliz pra caramba!", desabafa o vocalista enquanto o público aplaude. 

 A banda mudou um pouco desde os primeiros shows do álbum Gnú. O baixista Daniel Ventura tocou algumas músicas no Cello enquanto Gustavo tocava violão e cantava em inglês. Uma música inédita no repertório lembrava uma aura folk e ficava muito diferente das músicas da NCG. "Eu fiz umas umas seis músicas em inglês enquanto estava no exterior, era para um projeto meu, mas nós acabamos incorporando algumas delas aos poucos no repertório", explica Gustavo Tedesco, vocalista, guitarrista e compositor da maioria das músicas da banda NCG. Outro bom momento foi a participação especial de Bruno, o antigo trompetista, em uma das músicas mais antigas da banda. Agora a banda conta com novo integrante.

Uma peculiaridade da noite foi quantidade de namorados. Haviam muitos casais felizes ontem.  Além disso o percentual de meninas era bem maior que o de homens, ouso dizer que haviam pouquíssimos homens solteiros comparado à inúmeras solteiras.
Fomos embora antes de poder contar para vocês o resto da noite, o fato de termos participado ativamente na construção do vídeo-clip e não vermos o nome Gabriel Pereira Knoll nos créditos nos deixou boquiabertos - um singelo e modesto agradecimento "ao Gabriel" passou quase como um feixe de anti-matéria.  Todo o tempo pensando no conceito das cenas, no enredo, na aplicação da distorção para parecer algo mais rústico menos pomposo; as tardes de gravação, uma tarde inteira gravando cenas de bicicleta pela cidade. Enfim, quase tudo foi substituído por uma maioria de cenas do vocalista cantando. Celebrância, que tal? "Vamos celebrar a estupidez humana" diria aquele punk chamado Renato, que gostava de ler Rousseau e acreditava que ia mudar a sociedade. 


Texto: Ale Knoll Pereira 
Fotografias: Gabriel Pereira Knoll

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